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Exercício físico e compostos bioativos: o manejo dietético no controle da inflamação

Exercícios físicos extenuantes, de alta intensidade e/ou de longa duração podem induzir danos musculares, os chamados danos musculares induzidos pelo exercício (EIMD). EIMD são a resposta primária do estresse mecânico que acontece durante o exercício, assim como a resposta secundária (TANABE; FUJII; SUZUKI, 2021).

A força mecânica, principalmente a induzida pela contração excêntrica (quando tem alongamento da fibra muscular), leva à resposta primária. Mais especificamente, o alongamento excessivo e a ruptura de sarcômeros (unidade contrátil da fibra muscular) resultam em ruptura miofibrilar (TANABE; FUJII; SUZUKI, 2021).

Essas respostas subsequentes desencadeiam respostas inflamatórias secundárias, como produção de espécies reativas de oxigênio (EROs) e citocinas; as quais são essenciais para reparo da musculatura, regeneração e adaptação de vias. Entretanto, se não forem controladas, podem resultar na infiltração de células nos tecidos danificados, acelerando o dano muscular secundário (TANABE; FUJII; SUZUKI, 2021).

Consequências da EIMD

Consequentemente, EIMD pode causar perda de função muscular (como redução de força e amplitude), dor na musculatura de início tardio e aumento de proteínas musculares na circulação sanguínea (creatina quinase, mioglobina e aspartato transaminase). Por essa razão, estratégias nutricionais que possam minimizar esses sintomas para otimizar desempenho atlético e condicionamento são essenciais na nutrição esportiva (A STECKER, 2019).

Exercício físico e manejo nutricional: estratégias para controlar a inflamação

De acordo com a revisão de Tanabe, Fujii e Suzuki (2021), várias estratégias nutricionais são propostas para restaurar a função muscular, aliviar dor tardia e reduzir a inflamação após o exercício. Isso é inclusive documentado no Comitê Olímpico Internacional (COI), onde são descritos vários suplementos e compostos bioativos, como creatina monohidratada, beta-hidroxibeta-metilbutirato (HMB), ômega-3, vitamina C, vitamina D, colágeno, curcumina e suco de cereja; os quais podem ser eficazes para melhorar capacidade de treinamento, recuperação, dor e gerenciamento de lesões (TANABE; FUJII; SUZUKI, 2021).

Curcumina

A curcumina (Curcuma longa L.) é um polifenol natural extraído da cúrcuma. Ela exerce efeitos analgésicos na dor aguda e crônica por dessensibilizar receptores responsáveis pela sensação de dor. Também regula cascatas inflamatórias (IL-6, IL-8, TNF-α e /ou IL-10, independentemente das modalidades de exercício – aeróbico ou de resistência), reduzindo radicais livre e limitando, possivelmente, a inflamação pós exercício, assim como redução da sensibilidade à dor e dor muscular tardia (TANABE; FUJII; SUZUKI, 2021).

Com base na revisão, a ingestão de curcumina pelo menos 2 dias antes do exercício pode auxiliar na redução das respostas inflamatórias, entretanto, é necessário a continuidade da estratégia para que tenha diminuição também de dor muscular tardia (TANABE; FUJII; SUZUKI, 2021).

Suco de cereja

O suco de cereja, feito de cerejas azedas de Montmorency, contém vários fitoquímicos, como antocianinas e flavonóides; os quais estão relacionados com limitação da produção de radicais livres, assim como redução dos mesmos (TANABE; FUJII; SUZUKI, 2021).

Sob o mesmo ponto de vista, o suco de laranja azedo tem potencial para melhorar a resposta inflamatória, assim como a recuperação após exercícios extenuantes. Em relação à dosagem, o COI afirma que a dose de suco de cereja azedo necessária para promover a recuperação parece ser de 250 a 350ml (ou 30ml se concentrado) 2x/dia por 4 a 5 dias antes de um evento esportivo; ou por 2 a 3 dias depois (TANABE; FUJII; SUZUKI, 2021).

Vale ressaltar que o conteúdo fenólico total é determinante para usufruir de seus efeitos benéficos, podendo ser necessário mais de 1000mg/dia de polifenóis por 3 ou mais dias antes; e após o exercício (TANABE; FUJII; SUZUKI, 2021).

Beterraba

A beterraba vermelha (Beta vulgaris rubra) é um alimento funcional com altos níveis de nitrato e fitoquímicos, como betalaína, ácido ascórbico, carotenoides, ácidos fenólicos e flavonóides. O nitrato presente aumenta a biodisponibilidade de óxido nítrico, que subsequentemente melhora função vascular, eficiência mitocondrial, homeostase da glicose e contratilidade muscular das fibras; melhorando o desempenho do exercício físico (principalmente no exercício de resistência na faixa de 5 a 30 min) (TANABE; FUJII; SUZUKI, 2021).

Já a betalaína, é capaz de atenuar a liberação de radicais livres e de regular positivamente as enzimas antioxidantes endógenas; colaborando também para efeitos analgésicos. Quanto ao horário de ingestão, é recomendado que o mesmo seja ingerido pelo menos 90 minutos antes (TANABE; FUJII; SUZUKI, 2021).

Os resultados apresentados demonstram atenuação de dor muscular secundária, mas também melhora do desempenho, modulando a eficiência cardiorrespiratória e neuromuscular. Vale ressaltar a importância da avaliação individual, conforme modalidade de exercício, nível de aptidão física, métodos e forma de purificação dos suplementos e/ou compostos bioativos.

O 10º Meeting Brasileiro de Nutrição Esportiva acontecerá nos dias 07 e 08 de outubro, em São Paulo, e receberá os maiores palestrantes da nutrição esportiva do país; além das principais marcas de suplementos, nutracêuticos e superfoods durante a feira de exposição.

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REFERÊNCIAS

TANABE, Yoko; FUJII, Naoto; SUZUKI, Katsuhiko. Dietary Supplementation for Attenuating Exercise-Induced Muscle Damage and Delayed-Onset Muscle Soreness in Humans. Nutrients. Japão, p. 1-40. 24 dez. 2021. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/35010943/. Acesso em: 08 jul. 2022.

A STECKER, Richard. Timing of ergogenic aids and micronutrients on muscle and exercise performance. J Int Soc Sports Nutr. Estados Unidos, p. 1-29. 2 set. 2019. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31477133/. Acesso em: 8 jul. 2022.

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