O aumento elevado da procura de mulheres pela prática de esportes com fins competitivos tem se destacado nas últimas décadas, e, mesmo com essa demanda aumentada, existem poucos estudos que evidenciam as melhores estratégias que influenciam positivamente em seu desempenho, tendo em vista as diferenças fisiológicas e hormonais desse público, comparado aos homens.
Mulheres e as particularidades hormonais!
O impacto do ciclo menstrual no desempenho esportivo feminino vem sendo uma área em crescimento na literatura científica. O ciclo é marcado pelo eixo hipotálamo, hipófise e ovários, em que o hipotálamo secreta GnRH para estimular a hipófise a secretar LH e FSH, a GnRH estimular a foliculogênese e a secreção de estradiol (hormônio anabólico), progesterona (hormônio catabólico), inibinas A e B e diversos outros hormônios pelos ovários. Os hormônios estradiol e progesterona influenciam no fluxo menstrual e suas constantes alterações nesse período são mais elevadas na fase lútea e menos na fase folicular. Tais alterações ocasionam respostas contraditórias em condições como hipertrofia e força muscular. Entendendo um pouco sobre os hormônios produzidos no ciclo menstrual, é possível encontrar vantagens para o desempenho na prática das atividades físicas (SOUZA et al., 2015).
Muitos estudos ressaltam a influência do ciclo menstrual sobre as respostas e adaptações fisiológicas frente ao exercício, sobretudo nas modificações cardiovasculares e na recuperação muscular. Contudo, existem algumas limitações em relação à importância das mudanças hormonais no período menstrual sobre a força muscular, tendo em vista que muitos trabalhos apresentam diferenças metodológicas associadas ao nível de atividade física e duração do esforço realizado pelos grupos musculares.
O estrogênio é um hormônio com uma maior função anabólica, enquanto a progesterona apresenta efeitos mais catabólicos. Dadas essas diferenças nas funções hormonais, o desempenho musculoesquelético pode variar com alterações na produção hormonal durante diferentes fases do ciclo. Um estudo mais antigo mostrou que mulheres que treinaram em período de ovulação tiveram um aumento de 11% da massa muscular na região do quadríceps e da força isométrica máxima voluntária.
A performance muda de acordo com a fase do ciclo menstrual?
Romero-Moraleda et al (2019) realizaram um estudo que investigou as flutuações do desempenho muscular em exercício de agachamento realizado em 3 fases diferentes do período menstrual. A amostra participativa contou com 13 mulheres treinadas em exercícios de resistência e eumenorreicas. Em um teste pré-experimental, foi medido o máximo de uma repetição de um agachamento. Os pesquisadores estimaram a massa corporal, a temperatura timpânica e a concentração urinária do hormônio luteinizador, diariamente, por 30 dias, para determinar a fase folicular precoce (EFP), a fase folicular tardia (LFP) e a fase mid-luteal (MLP) do ciclo. No segundo dia de cada fase, o desempenho foi avaliado em 20, 40, 60 e 80% de um máximo de repetição. A força, a velocidade e o gasto de energia foram muito semelhantes em todas as fases do ciclo menstrual, mostrando que as participantes tiveram a força muscular e o desempenho de potência semelhantes no exercício de meio-agachamento durante o ciclo menstrual.
Entender cada período da mulher atleta e usar estratégias nutricionais que melhorem as condições hormonais e evitem possíveis efeitos colaterais do ciclo menstrual tornam-se fundamentais no atendimento do público feminino esportivo em busca de performance.
REFERÊNCIAS
SOUZA, G. C.; SANTOS, F. P.; LIMA, P. C. et al. Influência do Ciclo Menstrual na Força e na Atividade Eletromiográfica do Músculo Quadríceps em Mulheres Fisicamente Ativas. Pensar a Prática, Goiânia, v. 18, n. 1, 2015. Disponível em: <https://www.researchgate.net/publication/274391386_INFLUENCIA_DO_CICLO_MENSTRUAL_NA_FORCA_E_NA_ATIVIDADE_ELETROMIOGRAFICA_DO_MUSCULO_QUADRICEPS_EM_MULHERES_FISICAMENTE_ATIVAS > Acesso em: 29 Out. de 2020.
ROMERO-MORALEDA, B. et al. The Influence of the Menstrual Cycle on Muscle Strength and Power Performance. Journal of Human Kinetics, v. 68, p. 123-133, aug. 2019.
DESBROW. B. et al. Nutrition for Special Populations: Young, Female, and Masters Athletes. International Journal of Sport Nutrition and Exercise Metabolism, v.29, n.2, p.220-227, 2019. Disponível em> <https://journals.humankinetics.com/view/journals/ijsnem/29/2/article-p220.xml?content=pdf-6970>>. Acesso em: 05 nov. 2020.rual
